“Nunca os testes foram tão necessários como agora”

Por: Carlos Monteiro – CEO BioJam Group

Faz pouco mais de 2 anos que as autoridades de saúde confirmaram o primeiro caso de COVID-19 em Portugal: 2 de Março de 2020, dois meses depois de ter sido noticiado o surgimento de um novo tipo de coronavírus em Wuhan. Por cá fomos andando e assistindo a medidas avulsas que iam sendo avançadas em forma de pensos rápidos, á medida que foram surgindo notícias de novos casos. Pouco se sabia sobre o vírus que veio da China, mas havia a certeza de que era importante quebrar as crescentes cadeias de contágio.

Bastava olhar para Itália e perceber o que nos esperava. A 9 de Março a Itália tinha-se tornado o segundo país com mais casos COVID-19, a seguir à China. Em pouco menos de uma semana surgem notícias que a linha Saúde 24 poderá colapsar e começam as baixas entre os profissionais de saúde.

Foi neste momento que comecei a perceber que poderíamos estar a entrar numa espiral de loucura que viria a acentuar-se com o confinamento, com a corrida às máscaras, ao álcool e ao equipamento de apoio médico que começava a ser cada vez mais escasso. Os números não tardaram a ecoar nas notícias. Estavam pessoas a morrer! Era necessário quebrar cadeias de transmissão. Era fundamental testar, identificar e isolar focos de contágio de forma rápida e eficaz.

No final do ano foram introduzidos no mercado os testes rápidos de antigénio que começavam a estar disponíveis em clínicas e nos chamados ‘drive-through’.

2021 trouxe-nos a esperança numa vacina e na generalização e massificação dos autotestes de venda livre em farmácias e supermercados. Finalmente estavam criadas condições para uma testagem massiva da população, apoiada por uma rede de testagem em farmácias e mais tarde em unidades móveis de acesso livre. Testar tinha-se tornado uma rotina. Tínhamos consciência que era fundamental fazê-lo.

Por nós passaram dois anos, inúmeras variantes do COVID-19 e 5 vagas que antecederam a atual sexta vaga que estamos a viver. O cansaço da pandemia, a segurança de uma vacina e a esperança numa realidade endémica, levam-me a acreditar que nunca os testes foram tão necessários como agora.

Apesar de a letalidade associada à COVID-19 ser reduzida, a sexta vaga traz consigo uma variante de rápida propagação e mais difícil de detetar devido aos sintomas que são, naturalmente, mais ligeiros. Sabe-se que a linhagem BA.2 da variante Ómicron já é responsável por cerca de 89% das infeções no país. É verdade que as alterações ainda não agravam o impacto da infeção, mas podem levar a uma perda de eficácia dos anticorpos, quer estes tenham origem na vacina ou numa infeção prévia. É esta a razão para a ocorrência de reinfecções cada vez mais difíceis de detetar.

Hoje não é para Itália que temos de olhar mas sim para países como Coreia do sul que registou há uma semana mais de 600.000 casos. Estamos longe de entrar na fase final de Pandemia e o levantamento de restrições e o aligeirar das medidas de controlo não é mais do que “deixar cair por terra” todo o trabalho de sensibilização desenvolvido no sentido de incutir em cada um de nós a responsabilidade de proteger quem nos rodeia.

Source: Jornal de Notícias